Sor Juana Inés de la Cruz ou As armadilhas da fé

Paz, Octavio
UBU

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Difícil de classificar, este alentado ensaio de Octavio Paz mistura biografia, história, antropologia e crítica literária para dar conta da relevância da figura de Sor Juana Inés de la Cruz, considerada a primeira escritora de língua espanhola na Amé rica. A visão de Octavio Paz sobre Sor Juana Inés de la Cruz, Juana de Asbaje, seu nome laico, nos permite vislumbrar uma fase da história do México pouco conhecida no Brasil, mas também pouco estudada pelos mexicanos do nosso tempo. Entre os séculos XVI e XIX, no território que vai do sul dos Estados Unidos até a Mesoamérica (excluindo a capitania geral da Guatemala), constituiu-se o vice-reinado católico da Nova Espanha que, ao lado do vice-reinado estabelecido no Peru, atuou como a fonte prim ordial de transferência de riquezas para a metrópole espanhola durante quase trezentos anos. O talento e a maestria de Paz permitem que nos debrucemos sobre a realidade da Nova Espanha, já que o autor percebe que, para compreender e apreciar a grande za de Sor Juana – uma das mais extraordinárias personagens da cultura da América – é preciso entendê-la em seu contexto e valorizar como, no seio dessa realidade, ela foi excepcionalmente vanguardista e corajosa. Em quatro partes, trinta capítulos e um apêndice, a leitura de Sor Juana Inés de la Cruz ou As armadilhas da Fé nos possibilita observar simultaneamente seja a própria Sor Juana – insuficientemente conhecida no panorama universal da literatura, onde deveria se situar, em sua justa dimen são e complexidade –, seja a sociedade da Nova Espanha, um mundo encoberto pelo barroco espanhol e pelo sacrifício dos povos indígenas, cheio de dogmas e tradições, sincrético e injusto. Escrever um livro sobre uma freira poeta do século XVII não dei xa de ser uma homenagem especial às milhares de mulheres que tiveram que calar sua voz nas sociedades espanhola, portuguesa e americana de influência ibérica.