Conversando com varejeiras azuis

Lear, Edward
ILUMINURAS

69,00

Estoque: 6

  É extraordinária a vida e a obra de Edward Lear (1812-1888), este múltiplo artista inglês que a tradutora e organizadora Dirce Waltrick do Amarante soube com tanta graça reproduzir nesse livrinho, para crianças, mas não só. O mais jovem sobrev ivente dos 21 filhos de um pai que passou parte de sua vida preso por dívidas, na Inglaterra da Rainha Vitória em que, graças à extensão de suas colônias, podia-se ver, ao mesmo tempo, o sol nascer e se pôr, teve, desde cedo, que arcar com uma série de aflições (asma, bronquite, convulsões) que o teriam levado à depressão e ao isolamento crônicos, não fossem os dons artísticos inatos que ele soube tão admiravelmente desenvolver.   Aos dezesseis anos começou a ganhar seu sustento com o desen ho e a pintura (que nunca abandonou), curiosamente dedicados à ornitologia. Seu livro Ilustrações da Família dos Psitacídeos, ou Papagaios, publicado aos 19 anos pela Zoological Society, consagrou-o como um dos maiores artistas ornitol ógicos de sua época. O sucesso levou-o a trabalhar (como pintor naturalista) na propriedade do Conde de Derby e a divertir os filhos dele com curiosas composições nonsense de 5 linhas rimadas (AABBA), chamadas limericks, os limeriques, hoje consagrados no mundo inteiro, que a tradutora soube tão bem apresentar em português.   O nonsense (absurdo, disparate) não tardou a tornar-se a marca registrada das composições de Lear, tanto em pintura e poesia quanto em prosa e... até na culinária (um de seus amigos foi o chef albanês, Giorgis, que cozinhava pessimamente) e na História Natural, conforme é mostrado nas ilustrações deste livro. Mas se trata do nonsense de Lear, que como nos limeriques, tem suas características própria s: obsessão pelos elencos de livros e plantas, vegetais exóticos cruzados com seres vivos, neologismos, números, sons melodiosos e “mucilaginosos” etc. etc.   Na surpreendente viagem ao redor do mundo que as quatro pessoinhas, Violeta, Stil ingue, Gui e Leonel empreendem abrindo o livro Conversando com as varejeiras azuis (talvez aqui apenas insetos exóticos e colorísticos, apesar do emblema da tenacidade e da vontade de poder que sua picada tradicionalmente transmite), pode-s e ver, de contínuo, como a lei de causa e efeito e as conclusões que dela se tiram são alegremente subvertidas, como no episódio do pobre rinoceronte, ao final da viagem: “Quanto ao Rinoceronte, em sinal da grata fidelidade que lhe tinham, mataram-no