DESCOLONIZAR O IMAGINÁRIO :DEBATES SOBRE PÓS-EXTRATIVISMO E ALTERNATIVAS AO DESENVOLVIMENTO

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A promessa de desenvolvimento sempre exerceu uma espécie de fascínio à esquerda e à direita do espectro político. Ao mesmo tempo que anunciava bem-estar e qualidade de vida, reduzia todos os aspectos da existência humana – e a diversidade c ultural dos povos – aos parâmetros estabelecidos pelo mercado e pelo consumo. Descolonizar o imaginário propõe um debate sobre o desenvolvimento em uma perspectiva ampla e diversa. Seus treze ensaios apresentam uma reflexão crítica ao model o de integração subordinada da América Latina no mercado global neoliberal – que não foi abandonado após a ascensão dos governos progressistas. Mais do que isso, os textos fomentam, assim, um diálogo urgente sobre a necessidade de construir um horizonte renovado para superar as contingências típicas do Estado patriarcal, colonial e classista. – Orelha de Carlos Walter Porto-Gonçalves Sabemos que o descobrimento da América foi o encobrimento dos povos que aqui viviam. E que lon ge de instaurar o sistema-mundo, na verdade, lhe deu outra configuração. Afinal, as relações entre este continente que habitamos e a Ásia remontam ao período da última glaciação, quando as calotas polares os uniam. A Europa só deixaria dese r um conjunto de penínsulas da Ásia que avançam sobre o Atlântico a partir de 1492, momento primordial de sua afirmação como um continente; afirmação que configura uma aberração geográfica e mostra a força da imaginação do poder/saber euroc êntrico. Foi só a partir do encontro com o Anahuac, Karib, Tawantinsuyu, mapudungun/pehuén, Pindorama, Abya Yala, que os europeus adquirem centralidade geopolítica e cultural. Tomar 1492 como marco para a América é invisibilizar/inviabiliza r povos ancestrais que se reinventaram em re-existência nesses últimos 500 anos de invasão. Nosso espaço-tempo passa agora por uma reconfiguração. Não só o Atlântico Norte está deixando de ser o centro geopolítico, e sobretudo econômico,com o o sistema-mundo parece se reorientar, com a China ganhando centralidade. Ruy Mauro Marini já nos alertara para o caráter assimétrico do sistema-mundo capitalista, em que caberia à periferia se inscrever através da superexploração do traba lho e desenvolver o subdesenvolvimento. Hoje, diríamos, é necessário ampliar a fecunda inspiração de Marini e considerar a superexploração do trabalho enquanto superexploração da Natureza, com toda a devastação-exploração decorrente, ain