POEIRA E ESCURIDÃO

DE, ANDRADE
LETRA SELVAGEM

30,00

Estoque: 13

Neste "Poeira e Escuridão", onze contos, onze cantos, onze retratos que se costuram entre o telúrico e a dureza urbana, a revelar o dia que escorre em poesia de amor e dor, de lembrança, cenas do agora, que logo se tornam cacos na massa infame que no s cerca e que logo adiante se recosturam e ganham forma. Onze contos, onze cantos do homem e da paisagem que não pode deixar de existir, porque, como diz Fábio Lucas, homem sem paisagem é absurdo tão grande quanto realidade sem espaço. (Siga lendo o texto que Luís Avelima escreveu nas orelhas do livro) Há em João Batista de Andrade – e não pode fugir disso – uma linguagem cinematográfica que funciona como uma analogia adequada entre a percepção da palavra falada – antes que escrita – da poesi a e da instantaneidade vivencial da complexa e multidimensional imagem na tela. Sua literatura é cinema e o cinema que faz é literatura: “minha imaginação febril atira cristais, uns após os outros, eu tenho muitas mãos, como doida máquina de atirar s ilêncios e luzes, trançar seus brilhos fugidios, explodir de alegria e festa para os aplausos de alguma multidão inexistente” (“Investigando o Caos”). A cidade, a grande cidade, o dia a dia estampado nos olhos-lentes e na caneta de João Batista, as mazelas estampadas nas janelas do tempo, emolduradas de vazio, de um vazio sempre maior do que a vida, do que o próprio olhar como dos desavisados que passam e morrem na angustiada agitação urbana; a memória rural, o sonho, “a vida carregada de pe rguntas”, as noites inchadas de todas as noites, de todos os medos, os olhares das fechaduras que rabiscam a vida dos que passam num tempo de sovinice e esmolas. Mas há também o dia que raia esperançoso, colorindo essas mesmas janelas de tempo, d e passagens antológicas, de contos que podem figurar nas melhores coletâneas de grandes talentos da literatura, retratos do tempo que gira, do mundo de que é feito o cinema, a pintura, a literatura, marcas do nada e do tudo, de personagens que pensam e existem, existem e pensam num exercício de trânsito na vida: a infância adulta, aquela que não teve condições de brincar, a vida carregada de perguntas, a dúvida da existência, os anos duros da Ditadura, o mundo intrincado da política, o desencant o, o mundo onde o tempo é pouco demais. João Batista de Andrade segue marcando sua trajetória no mundo da literatura e firma-se a cada novo livro. Poeira e Escuridão é exemplo disso. Nos diz que a literatura é a loucura que pode salvar o mundo. (