Coleção de areia

Calvino, Italo
COMPANHIA DAS LETRAS

62,90

Estoque: 4

Uma análise de A liberdade guiando o povo, de Delacroix. O aspecto inquietante dos museus de cera e dos teatros de aberrações. Relojoeiros e autômatos dos séculos XVIII e XIX. Reflexões sobre os primórdios da escrita. A coluna de Trajano transformada em relato de guerra. Uma homenagem a Roland Barthes nos dias de sua morte. Relatos de viagem ao Japão, México e Irã. Tudo isso cabe no último livro publicado por Italo Calvino, certamente sua obra mais heterogênea e, talvez, a mais insólita. Lançad o originalmente em 1984, Coleção de areia é uma deriva contínua por temas e formas que sempre obcecaram o autor de As cidades invisíveis. Ao contrário do que fez ao organizar seus ensaios no volume Assunto encerrado, de 1980, aqui o escritor desiste deliberadamente de buscar uma síntese qualquer ou traçar um esboço de trajetória. Em textos breves, muitos deles enviados de Paris entre as décadas de 1970 e 80, a atenção de Calvino agora se volta para o que está na periferia do olhar: a exposição a parentemente anódina, o fato bizarro, a galeria de monstruosidades, o efêmero. De certo modo, o conjunto de escritos que dá forma a este livro é menos uma coleção de objetos mínimos e díspares - como o título pode dar a entender - que uma sucessão de tentativas de compreender o Outro, aquilo que se apresenta como culturalmente estranho, distante no espaço e no tempo. Mas não se espere deste último Calvino um pequeno tratado de antropologia cultural. Os textos se acumulam segundo o puro arbítrio , como diário em público e autobiografia tímida, sendo a expressão mais acabada da amplitude de perspectivas, da discrição e da curiosidade onívora do escritor.