Persona performática: alteridade e experiência na obra de Renato Cohen

Carvalhaes, Ana Goldenstein
PERSPECTIVA

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Persona Performática, de Ana Goldenstein Carvalhaes, leva à frente, com plena autonomia, uma das propostas mais ousadas do moderno teatro brasileiro, a de Renato Cohen. Seja na sua prática e linguagem artística, seja nas formas de sua produção espeta cular, tem-se aqui um fruto legítimo do work in process. Através de duas importantes performances, a construção do performer em cena de sua persona performática concretiza-se na incorporação em público que o texto se empenha em encarnar, fazendo sent ir o sentido da pessoa que o faz e ampliando sua captação e visualização por novas dimensões plásticas e polifônicas. Assim, conceitos e procedimentos fundamentais, como os de mitologia pessoal, estranhamento e travessia, confluindo para o que os eng loba no chamado campo mítico, são aqui colhidos, por assim dizer, ao vivo, no pensamento seminal que os fecundou, o de Cohen. Porém, mais do que isso, além de identificados, são agora objetos de discussão e exame. O terreno da realização no tablado p erante o receptor é lavrado ao mesmo tempo como a cena de experiências densas, cujos participantes compõem com eficácia gestalten envolventes, pelos quais os ''fluxos'' produzidos se revestem por transformação em signos e emissões simbólicas performa dos tanto para os performadores quanto para os seus coparticipantes, o público. Por essa via, transmite-se também, com um raio de alcance bem maior, o efeito desse fazer artístico, que é o de convertê-lo num espaço social de uma autorreflexão que se ultrapassa e adquire a altitude de meta-arte, ou seja, um âmbito para se pensar e discutir a própria sociedade no mundo contemporâneo. Tal é o convite e a sugestão que Persona Performática estende ao seu leitor na expectativa de que seja também o esp ectador de suas performances.