TRÊS TRAGÉDIAS GREGAS

TRAJANO, VIEIRA
PERSPECTIVA

99,90

Sob encomenda
11 dias


Dizia um dos maiores poetas hebreus modernos, Haim Nákman Biálik, que ler uma obra poética em outra língua é como beijar a noiva através do véu. A única maneira de atenuar, antes do que anular, os efeitos mais distanciadores de semelhante interposiçã o é a que fornece um texto transcriativo capaz de repor no idioma de chegada o vigor literário e o imaginário de origem. Sob este aspecto a tragédia grega não tem sido muito feliz, não só em nosso meio. Ainda que se conheçam em muitos idiomas transpo sições das mais significativas, em geral a tendência é apresentá-la em prosa, mas, fazendo-o, trai-se a essência do gênio e do engenho desta expressão superior da criação dramática e poética da Hélade. Mesmo no teatro, cujos recursos, sem dúvida, vão além da relação escrito-leitor, o valioso legado de vivência humana e enformação artística comunicado em termos prosaicos perde enormemente em altitude na transmissão de seu impressionante repertório de mitos, mistérios, crítica e meditação acerca d a condição humana. Na perspectiva desta carência, tão acusada em nosso âmbito, e do desejo de contribuir para superá-la, Trajano Vieira tem-se dedicado a um projeto de resgate do qual resultou o presente livro. Reunindo duas traduções suas, Ájax de S ófocles e Prometeu Prisioneiro de Ésquilo, e a consagrada recriação da Antígone de Sófocles, por Guilherme de Almeida, o organizador do volume pretendeu não apenas proporcionar mais uma versão destas peças, como propor novos parâmetros para a reescri tura vernácula da tragediografia helênica e para a recondução de seus textos em português às formas e à linguagem que só elas podem falar do poder expressivo e comunicativo da tragédia grega. Merece ainda destaque, neste contexto, o aparelhamento crí tico e erudito que acompanha a edição, evidenciando os cuidados de que foi cercada, sobretudo no que tange à tradição literária brasileira de traduções do grego. Ela é focalizada através de Ramiz Galvão, D. Pedro II, João Ribeiro e, de um modo especi al, pelo estudo de Haroldo de Campos sobre ''O Prometeu dos Barões''.