HOMEM DO POVO, O

ANDRADE, OSWALD DE;LOURDES, MARIA
EDITORA GLOBO

85,00

Indisponível

O semanário político O Homem do Povo, cuja coleção integral compõe este volume, foi publicado entre março e abril de 1931, e é a materialização do “salto participante” de Oswald de Andrade e de sua então mulher Patrícia Galvão, a Pagu. Os exemplares fac-similados pertencem ao Fundo Astrojildo Pereira do Centro de Documentação e Me-mória da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Cedem-Unesp). A publicação é uma coedição da Editora Globo e da Imprensa Oficial dos Estado de S. Paulo, com apoio do Museu Lasar Segall. O volume conta com textos esclarecedores de Augusto de Campos, Maria de Lurdes Eleutério e Geraldo Galvão Ferraz. Depois de quase uma década de ativismo antropofágico, a crise mundial deflagrada pelo crash de 1929, com o empobrecimento geral e o enorme acirramento entre esquerda e direita, representadas pelo bolchevismo soviético e pelo ascendente nazifascismo europeu, levaria Oswald e Pagu à militância partidária. Assim, após se filiarem ao Partido Comunista do Brasil, passam a publicar O Homem do Povo, visando espalhar a mensagem da revolução entre o operariado urbano. Não funcionou. Apesar de todo esforço de Pagu e da melhor intenção de Oswald, a estreiteza ideológica do partido e o conservadorismo da sociedade fazem com que tanto o jornal quanto sua militância tenham vida curta e conturbada. O próprio jornal acabaria logo fechado pela polícia, não apenas pela radicalidade de sua ideologia, mas pela visceralidade de sua crítica ¬e pela “perturbação da ordem”, pela reação violenta, com ameaça de linchamento, por parte de estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, agastados com um editorial de Oswald. Praticamente todo o jornal, aliás, era escrito por Oswald, secundado por Pagu. Como observa Augusto de Campos, “Salvo os artigos assinados pelos dois e alguns outros nomes conhecidos que raramente aparecem — Flávio de Carvalho, Geraldo Ferraz, Galeão Coutinho e Brasil Gerson —, o que emerge das colunas incendiárias de O Homem do Povo é toda uma galeria gaiata de colaboradores anônimos, a maioria dos quais possivelmente forjados pelo próprio Oswald: Álcool Motor (que ataca o senhor Plínio Saldoce), Anjo, Anonimus, Aurelinio Corvo, Capitão Rodolfo Valois, Carcamano, Corifeu, Estalinho, Gás Asfixiante, João Bagunça, Lima Trilhos, Piramidon, Plebeu, Repórter Z, Sombra, Spartacus, Visconde De Xiririca, Zumbi. […] A Patrícia Galvão se podem atribuir os pseudônimos Brequinha, Cobra, G. Léa, Irmã Paula, K. B. Luda e talvez aquela Mme Chiquinha Dell’Oso (responsável pela seção de corte-e-costura, A Tesoura Popular)”. Se a Revolução perdeu dois militantes, a história do jornalismo político brasileiro ganhou um pequeno grande marco. Esta edição fac-similar, em capa dura, contém carta inédita, datada de 1931, em que uma leitora elogia o jornal, posfácio de Augusto de Campos (com reproduções de páginas de jornais da época noticiando o fechamento de O Homem do Povo), ensaio de Maria de Lourdes Eleutério e texto de Geraldo Galvão Ferraz, filho de Pagu, escrito especialmente para esta edição. Além disso, pela primeira vez, a coleção integral do jornal é reproduzida sem falhas ou cortes.