PEREGRINACAO - VOL 2

PINTO, FERNAO MENDES
NOVA FRONTEIRA

64,90

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Um Marco Polo português que trocou as caravanas pelas caravelas. É essa a imagem que se forma ao ler 'Peregrinação', o extenso, detalhado e intenso relato de Fernão Mendes Pinto de suas aventuras pelo Extremo Oriente em pleno ciclo das Grandes Navegações, no século XVI, quando Portugal era senhor do caminho marítimo para as Índias e potência mundial incontestável presente em todos os continentes. A surpreendente narrativa proporciona uma radiografia minuciosa do processo de expansão que, entre outras coisas, deu origem ao Brasil. Nascido por volta de 1510, Mendes Pinto desfia ao longo de 836 páginas um sem-número de peripécias que o transformam - embora sem a fama de um Cabral ou um Vasco da Gama - num dos mais interessantes personagens portugueses do início da era moderna. Não pela importância de seus feitos individuais, mas por serem muitos e por tê-los deixado registrados tão minuciosamente em legado à posteridade, num relato em que exibe qualidades ímpares de historiador, antropólogo, naturalista, geógrafo e, sobretudo, de um ótimo contador de histórias imbuído do espírito desbravador e da curiosidade renascentista. O que garante ao leitor uma narrativa em ritmo acelerado, o que já é evidenciado na segunda página, quando ele conta de seu aprisionamento por corsários franceses ainda adolescente. A partir de 1537, Mendes Pinto passou ao todo 21 anos largado pelo mundo - um mundo que sua geração ajudou a ampliar, fazendo a primeira globalização da História ao pôr a Europa em contato direto com a longínqua extremidade oriental da Ásia e desbravar a América. Treze vezes cativo, 17 vezes vendido, testemunha de batalhas e participante de combates, interlocutor de reis e rainhas, esse contemporâneo de Camões é, antes de tudo, um sobrevivente de sua arriscada trajetória pessoal - semelhante à de muitos outros que se lançavam à vida no oceano - e de sua conturbada época, tão bem sintetizadas por Fernando Pessoa no verso "Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal?". Ele só retorna a Portugal em 1558, e a Peregrinação começa a tomar forma em 1569, levando 11 anos para ser concluída. Seu relato é de tal forma espantoso que ele mesmo, assombrado diante do que vê, sente a necessidade de precaver-se contra quem acha que ele exagera e mente. Ciente do interesse do leitor renascentista pelo mundo novo que se descortinava na época, Mendes Pinto às vezes abre extensos parênteses para contar histórias de outros personagens com os quais de alguma forma se vê envolvido. Expurgada pela Igreja Católica e pelo governo português, a 'Peregrinação' só pôde ser publicada em 1614, 31 anos após a morte do autor. Documento histórico imprescindível para entender o Brasil e o mundo a partir do século XVI, é também um relato inigualável para os amantes de uma boa história de aventuras. Esta primeira edição brasileira da obra, em dois volumes, e que toma por base a edição estabelecida por Maria Alberta Menéres, traz ainda textos de apresentação do antropólogo Felipe Lindoso e do historiador Arno Wehling, presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.