Entre quatro paredes

Sartre, Jean-Paul
CIVILIZACAO BRASILEIRA

49,90

Sob encomenda
11 dias


O inferno são os outros. Na peça ENTRE QUATRO PAREDES, encenada pela primeira vez em 1944, Sartre mostra uma danação eterna sem enxofre, fogo e torturas. Aqui, a falta da liberdade, limitada pelos outros, é interpretada como sendo a pena, por excelên cia, do inferno. A trama se passa numa sala de vistas, onde três pessoas desconhecidas se encontram. Elas estão mortas e a sala representa o inferno. Não existem espelhos, nem janelas, nem portas. A luz não se apaga, numa reflexão sobre o vazio da vi da e a falta de esperança. ENTRE QUATRO PAREDES traz um inferno onde todo o sofrimento é infligido pelos outros; pela incapacidade que cada um tem de fugir ao olhar e julgamento alheios. A morte é a objetivação final. Não há como mudar a história, ne m como adotar novas posturas em relação aos outros e construir um novo sujeito. A vida já foi vivida, decisões tomadas, não há como escapar dos rótulos: o covarde, a assassina ninfomaníaca, a lésbica. A peça traz quatro personagens: um criado, duas m ulheres e um homem. O criado, sóbrio, recebe seus hóspedes — condenados a uma eternidade em companhia um dos outros, mas alegando inocência. Joseph Garcin, desertor, jornalista, falso e cruel com a esposa. Passa mais tempo preocupado com a opinião do s vivos sobre ele do que com as mulheres a seu redor. Inez Serrano é uma lésbica manipuladora, ex-funcionária dos Correios, sarcástica e irônica. Não admite estar fora do comando da situação e odeia Garcin com a mesma intensidade que deseja Estelle, bela esnobe emergente. Estelle traiu seu marido diversas vezes, matou crianças e não se arrepende. O inferno de Sartre é uma parábola da vida. Cada personagem vê no outro sua salvação. Mesmo precisando um dos outros, não cedem. Na verdade, cada um te m prazer em desprezar os que mais precisam de ajuda.