CARTAS NA MESA: OS TRÊS PARCEIROS, MEUS AMIGOS PARA SEMPRE: Os três parceiros, meus amigos para sempre

Sabino, Fernando
RECORD

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Aos três parceiros, meus amigos para sempre. O "encontro marcado" com o meu parceiro Hélio Pellegrino se deu no Jardim de Infância, aos 6 anos de idade. Depois fomos colegas de grupo e de ginásio. E continuamos amigos pela vida afora. O primeiro e ncontro com o parceiro Otto Lara Resende se deu na adolescência. Otto revelaria mais tarde que ficara impressionado porque eu conhecia marcas de carro, era campeão de natação e só falava futilidades... Com o Paulo Mendes Campos iniciei a parceria ta mbém na adolescência: foi numa festa onde travamos um discussão literária (na realidade estando um de nós - ou ambos - interessados era em impressionar uma linda jovem ali presente). Conversávamos os quatro (ou três, para falar mal do ausente) dia e noite sem parar, em Belo Horizonte e depois no Rio. Rebeldes, inconformados, predominava entre nós a irreverência. Éramos contra as convenções e conveniências, a começar pela vocação literária que nos unia. Preferíamos exercer a criatividade animand o com nossas estripulias as ruas pacatas (sem nós) de Belo Horizonte daquele tempo. Encerrávamos as noitadas de andanças num banco da Praça da Liberdade, às vezes até o nascer do dia, "puxando angústia". Assim designávamos aquela espécie de ritual in spirado no que Miguel de Unamuno (um de nossos autores prediletos) batizou de "sentimento trágico de la vida". O que não impedia o eventual interesse de um de nós (ou dos quatro) por alguma atração feminina que acaso circulasse pela noite. Tudo isso e muito mais transparece nestas cartas escritas quando em viagem. São nada menos que 134, enviadas aos meus três amigos, de 1943 a 1992 - durante cerca de 50 anos, portanto - uma vida inteira! Segundo chego a confessar, elas só se justificam pela ins anidade do remetente - (e, por extensão, dos destinatários). Mesmo em linguagem às vezes meio destemperada - ou por isso mesmo - elas dão uma idéia impressionante (pelo menos para mim) do que foi essa fabulosa relação de amizade. O livro se encerra c om uma entrevista extremamente indiscreta, por nós concedida a uma revista, e nela designados pelo desconcertante epíteto de "Quatro Mineiros do Apocalipse". Fernando Sabino "... Eu queria ficar com vocês, Hélio, e estou cada vez mais longe... Ont em nós éramos quatro amigos, sempre juntos, tudo se resolvia depois de alguns chopes - e de madrugada, no banco da praça, as coisas eram simples e puras. Ainda outro dia nós éramos meninos... Se resta ainda algum consolo, Hélio, é o de esperar que a