Mãe, preta, reincidente

Balbi, Dani
EDITORA OFICINA RAQUEL

68,00

Sob encomenda
10 dias


Em sua estreia na dramaturgia, Dani Balbi traz ao público um texto marcado pela urgência e pela força. Mãe, preta, reincidente põe em cena a violência contra a população periférica brasileira a partir de um invejável manejo cênico. É dessa maneira q ue a obra se constrói através de camadas múltiplas: a violência dos fatos é construída a partir da violência presente nas palavras, nas marcações teatrais e nas rubricas. Sabe-se que o gênero teatral só se corporifica quando a encenação é levada efet ivamente ao palco, porém é impossível não se deixar seduzir de imediato pela força deste texto que, fato raro no gênero, consegue sobreviver apenas como “leitura”. Como o título da obra já anuncia, Mãe, preta, reincidente é dominada pela figura ime nsa da protagonista. Assim como as demais personagens do texto, a mãe preta não é nomeada, metonímia que é das centenas de milhares de mulheres negras assoladas pela violência em nossa sociedade. Também os policiais e as autoridades jurídicas present es no decorrer da peça não são nomeados, visto que, mais do que individualidades, representam papéis sociais específicos. Porém, mais do que meros personagens estereotipados, todos eles acabam revelando complexidades insuspeitas e que ajudam a explic itar uma sociedade violenta, injusta e preconceituosa. Mãe, preta, reincidente é obra que fere e expõe a ferida da dor lancinante da discriminação. Põe a nu as complexas relações raciais em nossa sociedade, o privilégio da branquitude e o massacre s ecular sofrido pela população preta, além de denunciar a violência contra os moradores das favelas e as relações de corrupção que corroem o sistema de segurança pública dos estados. Tudo isso dá à obra uma densidade tal que mistura tragédia clássica à crítica social contemporânea, resultando em um originalíssimo e instigante exercício de dramaturgia.