Fernanflor

Rocha, Sidney
ILUMINURAS

65,00

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Fernanflor é o épico, a saga de Jeroni Fernanflor. Uma obra-prima construída com a precisão e o preciosismo com que se constroem os melhores relógios. É lindo e surpreendente o que Sidney Rocha evoca e solidifica com as palavras. E essa obra de arte recebe todo o cuidado desse criador, do texto à concepção estética e gráfica do livro. Só que esse relógio marca o que a ciência não atinge, nunca atingirá. Fernanflor marca o tempo interno. Jeroni Fernanflor é artista plás­tico, igual mente mestre em sua arte. Ele é um ser invadido por silêncios, e até isso Sidney é capaz de fazer, talvez a maior dificuldade a meu ver: Sidney consegue escrever o silêncio. O silêncio transforma as coisas, as faz crescer. E se seguimos esse épico at entos percebe­remos um pequeno rumor, que registra o som dos ossos de Jeroni Fernanflor. Os dele e os nossos, naturalmen­te. Jeroni Fernanflor pintou os famosos, e sei que seria fama passageira se ele não os tivesse eternizado. Ao mesmo tempo, Jeroni se eter­nizou. Jeroni torna Sidney apenas um borrão, enquanto ele ganha carne. Sidney Rocha é a­pe­nas um instrumento. E Jeroni nos engole. Jeroni me engoliu. Estou dentro dele, agora. Mas o livro acabou. Falo dessa coisa triste que é o livro depois de lido. Fernanflor é um romance fabuloso. Natural­mente, voltarei a ler ou a dar corda para assistir ou fruir a este espetáculo. Quanto aos elementos pic­tó­ricos deste livro destaco o capítulo “A ilha”. Queria fugir da expressão óbvia de que Sidney pinta com palavras, mas não dá. Fernanflor não é apenas texto ou literatura. Fernanflor é uma es­cri­tura. E terminar sua lei­tura é ter no peito o escorpião do remorso ou da tristeza. É quase o que veremos em nosso mo ­mento final. Quando não haverá mais a mística só a buro­cracia. Boa leitura. Sejam engo­lidos por um vazio maior do que o de Jonas. Lourenço Mutarelli