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Feminino e plural: Mulheres no cinema brasileiro
PAPIRUS
89,00
Sob encomenda 11 dias
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Indicado ao PRÊMIO JABUTI 2018 - Artes
Este livro nos mostra uma face oculta, o outro lado da lua no cinema brasileiro, uma história que, por décadas, foi contada na mão única do recorte dominante, deixando de lado a questão de gênero e, particularme nte, a dimensão da participação feminina. Não seria a mulher o grande "outro" do cinema brasileiro, já que a questão da alteridade diferencial lhe parece intrínseca e irreconciliável? Certamente não se trata da única cissura, mas sua invisibilidade é escandalosa.
O percurso que extraímos do conjunto de ensaios aqui reunidos é significativo. Levanta de modo frontal não só a presença, mas também o movimento de negação sublimadora da força criativa da mulher no cinema. Mostra que a postura de ignor ância não pode mais se sustentar. Reflete a dificuldade de aceitar as especificidades de gênero e o fato de que a própria obliteração do recorte excludente é uma discriminação. Então, quando os portões se abrem e o fundo da sala é clareado, insuspeit as criaturas vêm à tona em atitude de poder, com suas imagens, seus filmes, as diversas facetas diferenciadas, as sensações e percepções próprias. Ao colocarmos o dedo na ferida do gênero, ainda mais dilatada quando atravessada pela questão racial, n ão é necessário esquecer outros continentes da alteridade, como a questão de classe, que certamente a ele vem agregar-se. Antes dissimuladas, agora políticas de exclusão e preconceito tornam-se evidentes, orientando para um só lado a recepção, ainda que involuntária, da realidade que nos cerca.
O principal mérito do livro é, nesse sentido, evidenciar o reiterado desvio de rota, a banalidade do mal que cerca o "ver ignorando", a negação ao acesso. É algo que nos permeia como natural, sem que perc ebamos. São reveladores, nos levantamentos arqueológicos em torno do que sobreviveu, não só o registro, mas a obra que insiste. Resultado da vontade e da pulsão que conseguiu ultrapassar barreira fixando expressão – diferenciada ou não, pouco importa ; o que conta é a dimensão de intervenção que o conjunto dos textos propõe, para além de seu movimento de resgate e reavaliação.
Fernão Pessoa Ramos
Coordenador da Coleção Campo Imagético
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