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A lata de lixo da história
Schwarz, Roberto
COMPANHIA DAS LETRAS
74,90
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Em 13 de dezembro de 1968, a decretação do AI-5 pela ditadura militar mergulhou o Brasil numa longa noite de repressão, torturas e assassinatos políticos. Entre os intelectuais de esquerda visados pela “linha dura” do regime estava Roberto Schwarz, e ntão professor de teoria literária na USP e assistente de Antonio Candido. Schwarz, sociólogo de formação, foi acusado de promover a subversão marxista na universidade, e teve de se esconder na casa de amigos para escapar às garras dos “milicos”. Mes es mais tarde, o crítico e professor paulista conseguiria viajar para o exílio na França. No entanto, para passar o tempo no esconderijo improvisado, Schwarz se pôs a explorar a boa biblioteca de seus amigos, e releu, entre outros, O príncipe, de Maq uiavel, e O alienista, de Machado de Assis. O extenso conto do mestre de Memórias póstumas de Brás Cubas lhe forneceu a inspiração e a matéria-prima para A lata de lixo da história, chanchada em treze cenas que transfigura o clássico machadiano numa sátira impiedosa da sociedade brasileira durante o regime militar. Ironizando até mesmo a necessidade de transportar a crítica política para o Brasil colonial - e a cidade de Itaguahy para uma improvável Suíça - naquele clima geral de censura e delaç ão, Schwarz reaproveita o enredo e os personagens de O alienista com humor, agudeza e mordacidade. O germe das “ideias fora de lugar”, um dos principais temas da obra crítica de Schwarz, transparece nas ações desmioladas do alienista Simão Bacamarte , que implanta em Itaguahy um regime totalitário, inteiramente baseado numa “ciência” importada, para salvaguardar a saúde mental dos cidadãos. Com os desmandos de Bacamarte, de início apoiado pelos “notáveis” do lugar, a Casa Verde deixa de ser um h ospital de alienados para se tornar uma masmorra semelhante às câmaras de tortura da repressão, e aos poucos aprisiona toda a cidade.
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