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OU O SILÊNCIO CONTÍNUO ? POESIA REUNIDA 2007-2019
MARCELO, ARIEL
KOTTER
139,70
Indisponível
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“Marcelo Ariel é um dos grandes poetas brasileiros em atividade, isso não se discute. Esta reunião de sua poesia mostra potência em várias formas, no embate político, na deriva filosófica e no recurso jazzístico ao improviso. Ariel transita entre rue las e vastos espaços, o silêncio solitário e o berro da guerrilha, enquanto ele próprio faz da autometamorfose poética uma ética. Poesia assim não é pra todo mundo. Mas se dirige a todo o mundo.”
Guilherme Gontijo Flores
Este livro não é a penas a densa antologia poética de um dos escritores contemporâneos mais instigantes e inclassificáveis (como se isso fosse pouco….). É ainda e também a potente ontologia política elaborada por um dos nossos pensadores mais originais e insubmissos. “ Poderíamos responder / ao hibridismo / democracia-fascismo / com a invenção de uma política / da imanência / inspirada naquilo / que os rios e as árvores / têm a nos dizer?” é a questão que coloca insistentemente e a cada poema, e que tenta responder persistentemente e a cada verso com a postulação de alianças de extração afro-indígena, “sufinambá”, que, partindo das “aldeias indígenas”, “respondem de e no modo efetivo / da alteridade radical”, “e em suas caosmoses / se conectam com a vida dos p oetas / dos loucos / das crianças / dos pobres que não desejam a riqueza / enfim / com os campos de irradiação / da diferença / dos que vivem mais próximos do / Devir-Xingu do que do Devir-Brasília / ou do Devir-Cubatão”. É como se toda a poesia (i.e ., toda sua política) de Marcelo Ariel fosse a tentativa de criar uma linha de fuga a esse Devir-Cubatão que o assola, que nos assola como o “ANJO DA HISTÓRIA * NOSSO INIMIGO”, e permitir a “a invasão das fagulhas de novas sinapses, / novas configura ções da mente / nas crianças, nos loucos, nos índios e nos chamados poetas, / seus símiles novas sinapses invadindo / como estes desabrigados invadem os prédios, / mas as sinapses não dependem, nem esperam apenas invadem / como os sem-terra, os sem-t eto / o espaço delimitado”. Daí a importância do surto (“surto cósmico”, “estados surtológicos”, “é preciso trincar o nome das coisas com o surto”), que instaura um estado, nomadológico em relação a(o) si, e dialógico com o outro (“Os movimentos de n omadismo dialógico que chamamos de conversas, diálogos são para o ser o mesmo que O SONHO ou O SURTO”) e em que se trata de ser invadido, de tornar-se uma invasão, um espaço de resistência (“O DEVIR NEGRO INAUGURA O QUILOMBO INTERIOR DE CADA SER”). M
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