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História das crianças
Zacca, Rafael
CIRCULO DE POEMAS
69,90
Sob encomenda 10 dias
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Quanto do que somos é determinado pelo que vivemos na infância? Somos aquilo que se desata de todos com quem dividimos a casa, a rua, a escola, o caminho até dizer “eu”? Ou, ao contrário, somos o nó que conseguimos dar com as infinitas linhas que nos trouxeram até aqui? Os poemas de Rafael Zacca, nesta História das crianças, jogam-se — e nos jogam — no abismo dessas perguntas e, muito mais que reconstruir a memória, revelam uma espécie de antimodelo da infância se espraiando pela vida.
Aqui, a v ida nova se forma entre os acertos e desacertos da grande família de que, sem treino, fazemos parte. O avô, a avó, o pai, a mãe, os irmãos, os amigos, os professores, toda essa gente anda entre os versos e costura nosso pedaço do mundo. E não há nost algia nesse olhar para o passado: é apenas o tempo dando voltas e desvendando as formas que a infância encontra para continuar conosco — continuar sendo.
A trilha sonora chega pelo rádio do Chevette 87; o espanto diante do mundo é coisa de criança-ci entista; as lições chegam durante as brincadeiras, atravessadas, no entanto, pela tristeza; tudo parece ser ainda a fábula encontrada nos primeiros livros, mas a moral não está mais no mesmo lugar; e as conversas imaginadas com pessoas reais podem se r tão embaraçosas quanto as conversas reais com pessoas imaginárias.
Diante da Ilíada, o poeta pergunta: “queria ver/ aquiles e pátroclo/ antes da guerra/ como será que eram?”. Essa é a aventura de História das crianças, que nos leva para esse moment o antes da guerra — ou quando a vida se organizava de uma maneira que não parecia ser ainda a guerra. Coisa de criança, talvez. Mas a poesia, assim como a infância, não é uma forma de desafiar aquilo em que a vida quer se transformar? Aqui, ao menos, é.
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