Murphy

Beckett, Samuel
COMPANHIA DAS LETRAS

114,90

Estoque: 4

Estreia no romance do autor irlandês ganhador do Nobel, Murphy revela um Beckett cético e ironista incansável, surpreendentemente barroco, numa obra extraordinária sobre a solidão e a incomunicabilidade, a falha e a linguagem. Num quarto de pensão fu leiro, situado no subúrbio de Londres, nu e amarrado por vontade própria a uma cadeira de balanço, Murphy se esforça por fugir aos encantos do mundo exterior, aos apetites do corpo, e se refugiar nas profundezas da sua mente.Ao contrário do sol, que na abertura desta obra brilha, “sem alternativa, sobre o nada de novo”, em Murphy, Samuel Beckett não apenas inova, como inscreve seu nome na tradição da alta comédia filosófica, conferindo forma pessoal ao gênero praticado por Cervantes, Rabelais, J oyce, entre outros. Arquétipo do solipsismo dos heróis beckettianos, “nascido aposentado”, o protagonista sonha com um mergulho em seus abismos interiores, entregue a uma vida mental e livre de compromissos mundanos: mulheres (a noiva deixada para tr ás ao trocar Dublin por Londres; a namorada que insiste para que arrume um emprego), amigos (o poeta Ticklepenny; o filósofo de quem se fez discípulo; um pitagórico) e figuras inconvenientes ocasionais (o detetive contratado para localizá-lo, por exe mplo). Numa narrativa em que o primor estilístico não é o menor dos prazeres — “no princípio era o trocadilho”, proclama, joyceano, o romance —, Beckett corta as amarras com a convenção realista e se impõe, inventor de linguagem, desde o princípio.